Nova vice-diretora: conheça um pouco da história de Ingrid Strelow
“A educação escolar não está divergente da vida. Eu tenho que entender que o aluno também tem uma vivência e uma cultura que ele pode agregar na minha gestão.”
Ingrid Correa Strelow está na Escola Maria Imaculada há pouco mais de 16 dias. Acumula os cargos de vice-diretora e coordenadora pedagógica da educação infantil e anos iniciais. Ela é professora formada em Ciências Biológicas, possui mestrado em Educação, especialização em Neuropsicopedagogia e atualmente está fazendo pós-graduação lato sensu em Gestão Escolar.
De família luterana, iniciou sua trajetória na educação como voluntária na igreja com atividades educacionais como professora. Quando entrou na graduação, acabou se identificando muito com a questão do ensino, e nos estágios, por mais desafiadores que fossem, ela percebia que tinha uma paixão pela profissão. “Isso era muito forte dentro de mim, então eu fui fazer meu mestrado na educação”.
Há 21 anos trabalhando com educação, Ingrid já lecionou em diversas escolas públicas quando morou em São Paulo, além de fazer um trabalho junto à Associação Maria Helen Drexel, onde dava reforço escolar como voluntária às crianças que aguardavam por adoção. “Parece que está no sangue da gente. É impressionante, minha mãe dizia que eu vivia com um giz na mão. Meu sonho era ter um quadro negro bem grandão, aqueles da sala de aula. Eu tinha uma amiga que tinha um quadro desses, e quando ela descia pra frente do prédio com esse quadro, tu não tem noção. Era uma coceira”, ri ao falar da boa lembrança de infância.
Recepção na Escola
“Fui acolhida de uma maneira que tu não tem noção”. Ingrid se diverte ao lembrar da curiosidade e os olhos arregalados principalmente por parte dos pequenos.
“Eles confundem um pouco, pra eles a Ir. Bertha é a Irmã. E eu sou a diretora. Tem uns que ficam aqui na janela pulando e gritando ‘diretora, diretora, vem aqui brincar com a gente’. E isso é muito gostoso. Eu acho importante que a comunidade escolar me conheça. A maior parte do tempo a minha sala está com a porta aberta, porque os adolescentes vêm aqui, né? Teve um aluno que veio aqui dizer que ainda não me conhecia e pediu que eu fosse na sala de aula me apresentar aos demais, porque eles gostam que estar perto da direção. E tem uma peculiaridade, eles são muito respeitosos. Fora que eles vêm e te abraçam, te beijam, perguntam quando tu vai assistir aula com eles. Eles têm uma coisa do acolhimento que é muito gostoso”.
O que espera transmitir para os alunos da Escola
“Eu acho que de uma certa forma todo o educador, quem escolhe essa profissão, gosta de trabalhar com pessoas. Então, que eles sintam acolhimento da minha parte. O fato de eu trabalhar de porta aberta representa isso. Que eles percebam que nós somos mesmo uma comunidade escolar, que a opinião deles é importante pra mim, que se sintam à vontade para vir falar também quando for uma crítica. Essa integração e disponibilidade pro diálogo, que eles percebam em mim. Acho que não consigo separar isso da vida particular, eu sou uma pessoa muito aberta ao diálogo”.
Da sala de aula para a gestão escolar
“Eu, em 2012, comecei um projeto ‘iPad na sala de aula’. Nessa época eu me dediquei bastante às mídias sociais. Eu tinha blog, administrava fanpages, escrevia pra Nestlé, tive essa caminhada na escrita, e acabei desenvolvendo habilidade com a tecnologia. Nesse projeto nós fazíamos formação continuada para professores. Então, eu não voltei pra sala de aula diretamente. Muitas vezes eu acabei dando oficinas e workshops pros educadores, e muitos deles solicitavam também a presença em sala de aula. Quer dizer que eu nunca larguei a escola de mão, né? Mas de alguma forma isso foi crescendo, depois fui chamada por editoras, abri uma consultoria própria pra auxiliar professores e direção das escolas no planejamento anual”.
Missão como coordenadora pedagógica
“Além do acolhimento às famílias, a gente trabalha muito com a formação continuada dos professores. Então, toda semana, ou a cada quinze dias, a gente faz palestras, dinâmicas, como é que se usa uma determinada ferramenta. Por exemplo, a gente tem uma plataforma digital com a FTD, que a gente precisa que os professores conheçam bem pra não somente usarem em suas aulas, como também pra eles desafiarem os alunos com aulas diferenciadas. Os professores precisam estar bem confiantes nessa plataforma até pra depois poderem auxiliar os alunos. Então, o coordenador faz parte da administração, desde organização de entrega de boletins, semana de provas de recuperação, organização de horários, é uma infinidade de atividades que a gente tem”.
Missão como vice-diretora
“Aqui, não fica distante da coordenação, porque tem toda uma questão de gestão, desde plano de prevenção de incêndios, como está a comunicação interna, como está a comunicação com as famílias, ter a preocupação com o desenvolvimento curricular de alunos que vêm transferidos de outros estados, tem toda uma legislação que precisamos compreender, elaborar o cronograma do ano que vem. Temos uma situação, por exemplo, de alunos que não estão frequentando tanto a escola? Nós temos que chamar os pais, conversar, mostrar que eles também são responsáveis pela educação dos filhos. Também tenho o papel de representar a Escola em eventos educacionais, de representar a Escola diante do Ministério da Educação”.
O lado pessoal
“Gosto muito de livros, teatro e cinema, gosto de exposições. O mundo da arte me atrai muito, já fiz teatro, então eu adoro. Eu gosto muito de estar com família e amigos. Gosto de receber e visitar amigos. Meu lugar é estar com pessoas e trabalhar com pessoas”.
Papel da educação
Sobre o papel da educação com os jovens, Ingrid cita uma famosa frase de Hannah Arendt, uma das mais influentes filósofas do século XX: “A educação é o ponto em que decidimos se amamos o mundo o bastante para assumirmos a responsabilidade por ele”.
“E eu sinto que é isso. Primeiro lugar, para ser educador, tem que ser muito apaixonado. Porque a educação não termina quando bate o sinal para o recreio. Eu sou educadora o tempo todo, se eu cumprimento os pais, o pessoal da recepção, eu estou ensinando aos meus alunos que essa é a atitude certa. O que faz valer a pena é tu encontrar um ex-aluno e ele te dizer que tu fez diferença na vida dele de alguma maneira. Enquanto eu sentir esse frio na barriga, todo dia, de atravessar aqui para entrar no colégio, quer dizer que está valendo muito a pena”.
Mensagem a alunos e pais
“Como eu tenho o prazer de trabalhar com aquilo que eu amo, que a Ingrid não seja vista como vice-diretora, mas sim como uma parceira. O nosso trabalho é feito em conjunto com família e escola. Que a gente consiga construir o futuro dos jovens juntos. A nossa preocupação é com os cidadãos que a gente vai formar para fora dos muros da escola. Eu desejo que essa marca fique, que aqui seja a continuidade da família, o segundo lar dos alunos”, finaliza.